domingo, 27 de janeiro de 2008

Insanidade 4



Ele acabou de se formar em psicologia há poucos meses. Teve o alívio da graduação concluída e a felicidade ao ver seus pais tendo orgulho dele por mais uma vitória conquistada. Diga-se de passagem se sentiu a pessoa mais feliz do mundo. Cheio de sonhos, desejos, vontades. Menino bom, de bom caráter, personalidade,desses que só se vê nas novelas adolescentes. E que guarda dentro dele um mundo paralelo que poucos eram capazes de conhecer. Faz amigos com facilidade e desperta paixões com mais facilidade ainda. Fisicamente? Como diria uma amiga dele "gatíssimo". Seus olhos passam sinceridade, certeza e amparo. Também, trata-se de um psicólogo, aquele que irá te confortar nos momentos de desespero. Por aprender o ofício de fazer as pessoas se abrirem também era capaz de se abrir, mas nunca se expor. Se abre em seu universo paralelo. E que universo paralelo! Cada desejo, cada brincadeira. é o mundo dele, só dele e ponto final.
Logo após formar, já começou a exercer sua profissão. Tem um Felizzzzzzzzzzzzzz estampado na testa. Ele irá longe... Muito longe! E isso deperta ciúmes. A gatíssima, futura mãe de seus filhos usa a filosofia Los Hermanos de vida: "Eu só aceito a condição de ter você só pra mim"; e com isso morre de medo de perdê-lo para esse mundo grandão. Ele se estressa as vezes, pois sabe que o mundo precisa dele. Seus clientes precisam dele, assim como sua família e seus amigos. Ele é um pouco geração Tribalista: "Eu sou de ninguém". E assim muitas vezes um desentendimento fica estabelecido. E ele fica carente, desconfiado, medroso. Precisa de colo e de sorrir. Quem disse que psicólogos sempre sabem lidar com seus "por quês"? Ele é humano, também chora e também erra.
Em um de seus atendimentos conheceu um garoto que ele considerava diferente. Esse lhe passava uma enorme empatia. Era um garoto extrovertido, inteligente, engraçado. Seu desvio? Adorava as safadas da internet. Passava horas tentando vê-las nuas atrás da telinha. E ali descontava suas energias acumuladas por uma mocinha que amarrava o jogo. Ele como psicólogo achava isso interessante. Como homem, achava semelhante. E acabou acompanhando esse garoto muito tempo, até a hora em que ia se preparar pro vestibular e precisava de um teste vocacional. Resultado? Psicologia.
E nesse atendimento se viu de novo... garoto... E com sua realidade paralela escancarada. Era como se estivesse se revendo num espelho real. Aquele garoto era ele há tempos atrás e provavelmente seu futuro colega de profissão. Mas ele pelo menos sabia que ia ser um cara de índole boa, pra não dizer ótima. Não tinha muito com o que se preocupar.
E ali, ele lembrou de uma amiga que deixou nos chats da vida. Ele sabia tudo sobre ela, ela o ajudava a arranjar as safadas. E acabaram se tornando confidentes, grandes amigos, se conheciam demais. Até brigavam e ele a chamava de chata de vez em quando. Ele riu! Se perderam justamente por saberem muito um do outro. Sem ao menos saber os nomes...