terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Insanidade 1! (Você se identifica?)


Na sala bêbados, poetas, loucos, prostitutas falam de amor. Recitam versos bonitos enquanto tomam mais uma dose. E mais uma, mais uma, mais, até que várias garrafas fiquem jogadas nos cantos e eles continuam vendo a beleza da vida até mesmo num lugar imundo. Eu ouço um falando "vou dar uma mijada" e até a maneira como ele fala mijar é romântica. No mínimo falava isso quanto passava a mão no rosto de uma prostituta se justificando com um 'já volto logo, não me abandone, preciso de você'. E elas em seus vários amores se derretendo por alguém que as beija na boca sem medo, sem vergonha. Apenas as querendo independente de qualquer coisa. De qualquer preconceito... Escuto os passos dele, o barulho irritante da porta do banheiro e quando ele abre o velcro da calça e diz "ufa". E aí aquele barulho como se ele fizesse questão de mirar a água do vaso sanitário pra respingar bastante e pra mostrar que realmente estava fazendo xixi. Espera! Ele está tentando tocar uma canção prendendo e soltando o xixi... tã tã tã tã tã... tã tã... Hahahahaha! Como é cômico! Saiu, eu não ouvi a tampa do vaso abaixar, mas como se nem o ouvi a levantando! E nem a torneira abrindo. Ele não lavou as mãos... E vai sair dando tapinhas nas costas de todo mundo!!! Tudo bem, acho que ali ninguém lavou as mãos.
Agora pegaram violões, cantam, cada um no seu ritmo, mas cantam e brindam a vida numa alegria que não termina antes do dia amanhecer. E eu aqui no meu quarto, a lâmpada queimada e nem sequer um vaga-lume pra iluminar um pouco mais. Só a tela do computador e minhas idéias incapazes de iluminar coisa alguma. Talvez fosse melhor eu ir pra lá, mas os desapontaria na primeira frase ao dizer que o amor não existe. (Prefiro ficar aqui, com minha revolta natural e minha maneira de observar as pessoas.)
Parecem que dois ocuparam um quarto. E é estranho como nem me preocupo se são dois homens, duas mulheres, ou um homem e uma mulher. De qualquer forma são um casal, então que sejam felizes, e de preferência que não façam muito barulho.
Eles gargalham lá fora. E eu isolada aqui dentro. Longe das piadas, e ufa, longe do amor. A mesma sensação que o mijão teve ao abrir as calças! Estranho. O mesmo "ufa" de alívio pra duas sensações totalmente diferentes, ao menos em sua natureza. Será que preciso ficar mais apertada pra fazer xixi? Será que devo aprender a mijar? Tssss.... É só o que me faltava! A alegria deles está me contangiando. Daqui a pouco largo tudo e vou lá. Juro que vou. Como me tratariam? Pra que me preocupo? Me tratariam bem, eles são de bem... Só não devo falar demais, nem de menos. Meio termo. Equilíbrio! Calma menina. Ainda não está na hora. Você ainda não está apertada o suficiente para usar o toallete.
O casal me preocupa agora, ou me desperta interesse. O que será que estão fazendo? Será que estão fazendo? Nossa, estou indo longe demais. Daqui a pouco penso na maneira como estão fazendo. Controle os seus pensamentos. Se controle, se policie. Algo em mim me diz que estou perdendo o controle.
Prenda a respiração, respire devagar, respiração cachorrinho. Três coisas diferentes e nada. Morda os lábios. Morda com força até ser anestesiada pela dor. Ato falho! E esse frio na barriga? Ai ai ai. As coisas estão ficando sérias. Mais uma garrafa sendo aberta. O violão tocando suavemente uma música de amor. E eu aqui lutando contra o amor! E de repente estou chorando... por amor... Mas até um pouco ele não existia. Estou cantando, estou sorrindo. Não, eu não posso sorrir! Não por músicas românticas. Sou anti-romantismo. E esse frio na barriga? Acho que preciso dar um mijão... Ops.. usar o toalette.
Saio, a porta do banheiro range. O banheiro está um caos e nem me preocupo. E ao descer sem pensar muito a saia penso, "ufa"... E de repente estou brincando com o xixi como se quisesse imitar o tã tã tã tã tã... tã tã!!! Sobraram uns tãs... Ops! Errei... Hahahahahahaahha... Já estou rindo de mim. E espera aí, não, não vou lavar as mãos! Saio, direção sala... E aquela alegria me contagia. Tomo uma dose e já começo a fazer graça, duas e começo a falar de amor. Três e morro de saudades. Quatro e estou dançando e cantando com eles... Não vou tomar a quinta não. Chega! Preciso terminar o meu texto.
E quando chego ao quarto, uns 10 vagalumes invadiram! Como assim? Não bebi tanto. Eles vieram pra me iluminar... Quero um jantar a luz de vagalumes! Estou romântica??? Não........ Não é possível....... Volto a acreditar no amor. Deito e vou sonhar com ele, o meu anjo! E amanhã vai ser um novo dia. E vou precisar aprender tudo isso de novo.
Ps: por mais que insista em não acreditar no amor, sou romântica e todas as noites penso em você, e que tudo vai se acertar!!! Somos dois loucos, poetas, filósofos, implicando um com o outro todo o tempo... Para fingir que não acreditamos no amor... Nossas diferenças, nós que criamos cada um com o seu orgulho para não acreditar no outro, ser dono da verdade sempre... Ainda mais loucos... Insanos

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