sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Mar



Ele tinha muitos conceitos de vida. Já sabia como reagir a vários estímulos provocados pelo mundo. Tinha mais respostas que perguntas. Sereno. Sábio. Uma pessoa invejável. Seus atos eram sempre equilibrados, razão e coração na proporção certa. As vezes mais coração como qualquer ser humano. Encontrou uma maneira de driblar a solidão: família e amigos. E compartilhava essas suas descobertas com quem quer que fosse. E por mais que dissesse que não, todas as noites uns 10 minutos antes de dormir ele imagina seu grande amor, casa com filhos, a felicidade de se viver com alguém. Mas no outro dia ele guardava isso em qualquer gaveta e seguia sua vida com a certeza de que tudo tem a sua hora certa. Ele adora conversar com as pessoas, pode ficar até altas horas da madrugada batendo papo. E adora sorrir, adora brincadeiras, adora se sentir livre no mundo da imaginação (mas tem os pés muito no chão). Qualquer piadinha vira festa, aliás ele é do tipo: a festa nós que fazemos. Caminha todos os dias na praia, vai devagar sentindo cada grão de areia, o calor do chão, os raios de sol, a água levemente molhando os seus pés. Ele chama o mar de infinito... Quando pára para admirá-lo fica horas, horas e mais horas. E aí ele mergulha no infinito, entra de corpo, alma e coração. E ali sente a plenitude da vida. A fonte da juventude. Ele é apaixonado pelo mar. Também, um dia teve que pedir a ele para que pudesse namorar suas estrelas. Ficaram muito, muito amigos. E ele amando tudo aquilo. E amando cada vez mais. Também gosta dos ventos, das montanhas, das diversas paisagens do mundo. Não só viaja na maionese, mas viaja pelo mundo. E em cada lugar pelo qual passa aprende um pouco mais de vida. E vai acumulando belezas, mensagens e paixões. Claro, ele se apaixona. Cada lugar uma paixão. Paixões passageiras e eternas. Passageiras como as chuvas mas eternas em seu coração. E aí vai vivendo, vivendo intensamente sem medo de que uma onda o derrube. Saiu de casa muito cedo. Já tomou muito tapa na cara, já sofreu, já passou muito aperto. E com os erros se tornou ele. Ele, especial. Que ama, ama o mundo! E namora uma estrela do mar, senão todas. E todos os dias ele vai dormir e pensa no seu amor eterno de carne e osso, e nos filhos. Mas não se ilude com isso. Sabe que vai chegar a sua hora. E aí saí mais uma vez pela praia, vai no rumo do pôr do sol, fica até anoitecer. Entre um cigarro e um pouco de vinho pensa na vida. Olha para o céu e vê todas as estrelas. Identifica o Cruzeiro do Sul. Dá nome às estrelas. E aí chora de emoção. De solidão um pouco, mais de emoção mesmo. Pensa "Que mundo maravilhoso". E assim vai vivendo em seus delírios poéticos. E o tempo vai passando, passando e ele cada dia mais rico em espírito. Cada dia mais profundo em seus pensamentos. Cada dia mais feliz e cada dia mais sonhador... Mal sabe ele, daqui há alguns anos ele vai estar contemplando o mar com seu grande amor. Entre um cigrarro e um pouco de vinho, beijos, muitos beijos, paixão ardente e serena. Do jeito que ele merece. Ele é especial! Vão mergulhar juntos no infinito, serão o infinito. E entre um olhar e um abraço a certeza de que a felicidade é eterna. E as estrelas do mar, se tornarão suas amantes. Ele sempre vai ser o Don Juan daquela praia.

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