segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Identidade X Vida

Quantos dias sem o que escrever. Na verdade uma infinidade de idéias que não se organizam e criam um ritmo constante no meu subconsciente até que eu resolva colocá-las a exposição das críticas. Estou a mercê do meu ‘eu mesmo’. Parece redundante, mas quem passa pela mesma situação consegue entender. As mesmas idéias que estão em fila desordenada estão batucando o mesmo som. E assim vão me colocando refém dos meus próprios sentimentos, tormentos, lamentações, sonhos, ilusões, tentações, pecados, virtudes, desejos. É o fim de mais um ano e eu ainda não sei quem eu sou. Dizem que é isso o que buscamos a vida inteira. Uma identidade definida diferente daquela que tiramos quando temos 16 anos de idade. Meu nome completo e nome da minha mãe e a minha data de nascimento não definem quem eu sou. Maldito quem deu àquilo o nome de identidade. Ah se eu me encontrasse num pedaço de papel. Seria tão fácil. Mas a vida não é tão doce como Lobão canta. O que ficou desse ano pra mim? Muitas experiências boas, muita gente ruim, um grande amor, uma doença reconhecida, um sonho abandonado, inveja me consumindo, dor, muita dor, angústia, alívio, busca, colo, certeza de que pais são sempre o berço eterno onde podemos descansar, amparo, distorção de imagem, conhecimento de vida. Conversando outro dia chegamos a uma pergunta: A vida é uma questão se múltipla escolha ou uma questão discursiva? Se eu tenho um blog no qual questiono sempre sobre valores, sobre sentimentos, sobre identidade eu me coloco na posição de defender a resposta discursiva. Mas há quem tenha respostas definidas pra tudo. Reflita nesse fim de ano. O que é afinal identidade e vida pra você?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Solidariedade

Acho que hoje o velho que vende flores na esquina vai voltar.Eu vou reparar nele com outros olhos e não com aquele ar de rejeição de : 'já vem esse velho chato com essas flores me atrapalhar o dia'.Talvez as flores sejam tudo o que ele tem na vida. E eu com o meu mau humor matinal nunca parei pra pensar. Ele deve cultivar as flores com todo o amor para que da beleza delas ele possa por comida em sua mesa. E eu nunca parei pra pensar nisso antes. Sou mesmo uma ignorante sem sentimentos. Ele vende flores como as prostitutas vendem o próprio corpo. Ele vende flores como os vendedores de água mineral da rodoviária. Ele vende flores como o menino da esquina vende o seu trabalho de pedir esmolas. Flores, corpo, água, esmola. Parece tudo tão diferente e no fundo é tudo igual. As meninas que cultivam a beleza do seu corpo fazem isso para doá-lo a qualquer um no final da noite as vezes em troca de 10 reais ( as vezes menos ). Isso toca o meu coração. E acho que toca o seu também. O vendedor de água mineral da rodoviária fica horas e mais horas pra vender as vezes 500ml apenas. Isso porque na cabeça dos possíveis compradores vem: 'cara chato'. E é o litro de leite do seu nono filho que acabou de nascer. O menino que pede esmolas na esquina apanha da mãe a cada moeda de 10 centavos. Ela só quer explorá-lo por mias de um real por esmola. E a gente nem se dá conta disso. Eu me sinto um lixo a cada ato de desumanidade desse que eu cometo. E não é por querer, é porque eu não vejo a profundidade das coisas que o mundo me apresenta. Hoje eu vou comprar flores. E vou cuidar delas com o mesmo carinho que o vendedor da esquina cuida. Eu vou ver o mundo com os olhos que o mundo deve ser visto e não no meu egoísmo opcional. Eu quero ser uma boa pessoa. Eu quero olhar como quem analisa e não só como quem vê. Quero ver o número complexo que o número real escondeu. É véspera de Natal e eu ainda nem sei o que é solidariedade. Me ajuda?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sobre comentários

Eu não tenho muita noção de quantas pessoas acompanham esse blog. Nem tão pouco quem são essas pessoas. Ao certo conheço umas 4 apenas. Não sei o que pensam dos textos, são normalmente leitores silenciosos, não gostam de expor muita opinião. Parei de escrever pos uns tempos, quando adoeci. De lá pra cá o tom triste está sempre associado. Muita gente não entende que quando escrevemos nem sempre escrevemos o que sentimos. Essa é a graça de qualquer texto. Ter uma mensagem subliminar ou não ter nada em seu verso ou em seus versos. As vezes o amor ou a decepção pode ser por algo inanimado ou mesmo algo inexistente. São os 'fantasmas' a quem destinamos. É um jogo. Você nunca vai saber do que se trata. Por mais que dê sua interpretação, algo só está dentro de mim, talvez só eu saiba e não goste de dar muita satisfação, talvez eu nem saiba e não possa dar explicação. Sou arrogante, petulante e muitas vezes grossa. Mas se perguntarem do que se trata eu posso dar mil explicações e nessas mil nenhuma correta. O jogo de escrever é assim. As vezes previsível, as vezes surpreendente. Mas a você que acompanha esse blog fica uma vontade grande de ler a sua interpretação. De te conhecer. De ver quem são meus amigos sentimentais, ou quem são os anônimos anti-sentimentais. E um muito obrigado sempre por estar sempre vindo aqui. Pra mim você faz a diferença.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Amo demais

Os dias continuam chuvosos como o meu coração. Faz frio dentro da minha alma e fora do meu corpo. Vou arrepiando a cada vento forte. Vou remoendo lágrimas a cada mágoa pequena. O lençol está gelado, o cobertor também. Já não posso contar com o calor do corpo dele pra me aquecer. Ele me aquecia por dentro e por fora. Agora posso me transformar em uma estátua de gelo. E ninguém está nem aí. Meus olhos que refletiam a imagem dele, não sabem refletir com as pálpebras fechadas. Quero dormir o sono dos bons. Quero só dormir. Não há silêncio. O meu coração grita por mim. Não há paz. Não há nada. Eu quero alguma coisa que não sei o que é. Porque ele já não pode ser meu. Faz frio, muito frio. Chove forte. Parece que o tempo hoje acordou para minha realidade. Eu sinto saudades e ninguém está nem aí. E quem iria ligar pro que eu sinto? Ah se pudesse optar por morrer de amor. Eu amo demais...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Telefone

Eu fico esperando o mundo parar na busca da minha inspiração. E nem sempre coloco ela no papel, computador, seja o que estiver ao meu alcance. Por medo de as vezes ser sórdido demais o que se passa em minha mente. Uma vez aprendi com uma amiga minha que devemos ter um diário e ser o máximo possível sinceros nele. Até os sentimentos mais profundos. E por isso ela vivia queimando diários. O que se escreve eterniza. E ela só queria acabar rápido com aquilo tudo. As vezes eu tenho esses sentimentos escrotos. Tenho vontade de escrevê-los. Mas não de só guardá-los para mim. Quero mostrá-los a vocês aos outros a quem quiser ler. Não quero sempre escrever textos pras borboletas voarem mais bonito. Porque enquanto elas voam têm lá fora um mundo de seres que se dizem humanos "comendo o rabo uns dos outros". Hoje eu reclamei no supermercado. Fim de semana passado eu reclamei no barzinho. As vezes reclamei com a pessoa errada ou fui grossa demais. Mas me 'fodi' pra isso. Eu queria reclamar. E ainda saí rindo. Não fiz a menor questão de me preocupar com os sentimentos de quem foi atingido pela minha ira. Fui ranzinza. Sem razão, essa é a razão. Eu imagino a cara dele quando ele atende o telefone e não sou eu. Assim como sei a cara dele quando atende e sou eu. Sei como vai ser o 'Oi Natália' querendo dizer o 'Oi meu dengo'. Ou sei que eu quero pensar dessa forma. No sentimento sórdido, odeio esses joguinhos. Quebra o telefone. Joga na parede. Eu não preciso de ligar mais, aprendi a fazer um mickey no corel draw. E isso é muito importante pra mim nesse momento. Mais importante que lamentar ou ver gente sofrendo da janela de trás da minha casa. Estou pouco me importando. Quero uma infinidade de mickeys de corel draw. Eles me animam. E a cara dele agora tanto faz, ou se faz alguma importância vai ser quando eu colocar a cabeça no travesseiro. Eu estou ranzinza, insensível, fria. Rótulos que vocês colocam. Porque para mim essas associações sem lógica é se estar sensível demais. E qual será a sua cara da próxima vez que atender o telefone?