segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Solidariedade

Acho que hoje o velho que vende flores na esquina vai voltar.Eu vou reparar nele com outros olhos e não com aquele ar de rejeição de : 'já vem esse velho chato com essas flores me atrapalhar o dia'.Talvez as flores sejam tudo o que ele tem na vida. E eu com o meu mau humor matinal nunca parei pra pensar. Ele deve cultivar as flores com todo o amor para que da beleza delas ele possa por comida em sua mesa. E eu nunca parei pra pensar nisso antes. Sou mesmo uma ignorante sem sentimentos. Ele vende flores como as prostitutas vendem o próprio corpo. Ele vende flores como os vendedores de água mineral da rodoviária. Ele vende flores como o menino da esquina vende o seu trabalho de pedir esmolas. Flores, corpo, água, esmola. Parece tudo tão diferente e no fundo é tudo igual. As meninas que cultivam a beleza do seu corpo fazem isso para doá-lo a qualquer um no final da noite as vezes em troca de 10 reais ( as vezes menos ). Isso toca o meu coração. E acho que toca o seu também. O vendedor de água mineral da rodoviária fica horas e mais horas pra vender as vezes 500ml apenas. Isso porque na cabeça dos possíveis compradores vem: 'cara chato'. E é o litro de leite do seu nono filho que acabou de nascer. O menino que pede esmolas na esquina apanha da mãe a cada moeda de 10 centavos. Ela só quer explorá-lo por mias de um real por esmola. E a gente nem se dá conta disso. Eu me sinto um lixo a cada ato de desumanidade desse que eu cometo. E não é por querer, é porque eu não vejo a profundidade das coisas que o mundo me apresenta. Hoje eu vou comprar flores. E vou cuidar delas com o mesmo carinho que o vendedor da esquina cuida. Eu vou ver o mundo com os olhos que o mundo deve ser visto e não no meu egoísmo opcional. Eu quero ser uma boa pessoa. Eu quero olhar como quem analisa e não só como quem vê. Quero ver o número complexo que o número real escondeu. É véspera de Natal e eu ainda nem sei o que é solidariedade. Me ajuda?

5 comentários:

Bernardo Rosmaninho disse...

É menina linda muito bom mesmo! Achei fabulosa como você conseguiu resumir em uma frase a sua intensão

"Quero ver o número complexo que o número real escondeu."

Indo mais profundo ainda vc pode chegar aos infinitos que tendem a zero.

Anônimo disse...

Não sabendo matemática acho que o valor real e o relativo se confundem na poesia.O complexo do real está na falta de humanidade que predomina no mundo atual.E, vc escritora sensível mesmo querendo não vai mudar o mundo.então plante flores e cuide delas.é o melhor a fazer...

Anônimo disse...

Caralho bixo, vô parar de ler esse blog!!!

¬¬

Essas letras verdes no fundo preto quase me cegaram mais do q eu já sou...

Bom, enfim...

Não adianta dar o peixe como esmola, é tb preciso ensinar o mendigo a pescar. Senão ele vai estar sempre acostumado a pedir peixes à vc. Assim como a prostituta vai continuar na vida de merda, o menino vai continuar apanhando por causa da esmola e o vendedor de flores vai continuar vendendo flores achando q isso garante algum futuro. ERRADO! Dar dinheiro pra eles é como dizer: "Continue nessa merda q vc vive, afinal, é tudo q vc tem mesmo...".
Dar dinheiro a eles não muda nada, só prova pra eles que por pior q seja não tem outra saída.
Eles precisam mais q dinheiro, precisam de perspectivas e oportunidade. Coisas que talvez pra eles, só em outra vida.

Por isso o Brasil num vai pra frente, mas nós somos o país do futuro mesmo...

Anônimo disse...

o velho que vende flores remete a primavera interior que sempre volta... numa vida aonde o outono é a estação de maior tempo, a gente cata as pétalas, pra uma primavera nova...

Anônimo disse...

"Continue nessa merda q vc vive, afinal, é tudo q vc tem mesmo...".
alguém já s eperguntou se realmente ele se acham numa merda, se eles são infelizes?
Só eles mesmo pra falar da felicidade deles