sábado, 22 de novembro de 2008

Perder o amor ou perder-se de amor?

Quando elas perdem a pessoa amada se afogam num copo de vinho ou mesmo se embriagam com cigarro, chocolate e coca-cola. Culpam o mundo, as outras mulheres, o futebol com os amigos, o egoísmo, incompatibilidade de gênios, se auto-destinam as vítimas do fim do namoro ou mesmo do fim do mundo. Se agarram então a livros de auto-ajuda, filmes românticos, músicas depressivas, roupas do século passado e o corte de cabelo que a vovó achava uma gracinha. As vezes correm atrás e correm atrás e não se cansam de ganhar uma sequência de 'nãos' em progressão geométrica. Nessa época se perguntam os 'por quês' de praticamente tudo. Até da própria existência. Ficam encucadas se bastante tem plural ou não e nunca concordam com a resposta dada, seja pelo bêbado da rua ou pelo professor doutor em linguística da universidade federal da pqp. Elas não querem concordar. Não aceitam o próprio erro. E mais um cigarro, uma xícara de café, um laka, uma partida de baralho, uma piada sem graça, uma história sem final, gagueira e enfim as lágrimas vindo como consolo pra tanta babaquice junta. E no fundo o não admitir. Quando acompanhadas se acomodaram a um beijinho estalado como adeus, ao concordar sem prestar atenção, a contestar coisas sem sentido por ciúme indevido. Procuraram na carteira deles sempre a foto de outra e nunca viram que a delas estava no compartimento principal. Procuraram na camisa deles o cheiro de outras mulheres sem ver que o perfume delas é que estava em seus travesseiros. Viram nos amigos rivais ao invés de uma ótima companhia. Não souberam reconquistar o que já estava conquistado mas não definitivamente. Gostar mais a cada dia. Mais e mais e mais. Nada é conclusivo. O amor está sempre em fase de mutação. E elas agora ao invés de se perderem de amor perderam o amor. E entre café, cigarro, as vezes algo ilícito procuram o alívio pro coração que elas mesmas resolveram machucar. E de repente os livros de auto-ajuda estão no chão. O bastante passa a ter plural. As saias se encurtam, o sorriso volta e a magia de reconquistar todos os dias passa a ser primordial na vida delas. Chega de vinho e cigarros. Agora elas só querem ser felizes de verdade. Com a certeza absoluta de dessa vez conhecerem o amor. Porque agora tudo faz todo o sentido do mundo. Porque o por que que se escrevia separado agora se escreve junto. E dane-se quem não entender. Porque essa é a graça da vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

belo texto...gosto dos seus escritos e sempre os tenho lido.

Unknown disse...

Gosto de ver q continua inspirada...