sábado, 9 de fevereiro de 2008

Decifre...


"O sangue pinga no papel como o rufar de um tambor rá-tá-tá. Estou usando essas gotas como eu costumava fazer com as batidas do meu coração: como uma maneira de contar alguns segundos enquanto tento me acalmar. Mas meu coração não bate mais. É por isso que preciso de outra coisa."
Poderia lhe dizer que choro um pranto de sangue. Sinto meus olhos perfurados por lanças desorientadas atiradas pelo meu próprio coração. Um coração petrificado que já não mais bate e nem ao menos geme por ter sido condicionado à morbidez de um mundo insensível.
Pergunta-se por que razão ando desiludida meu caro? Também não sei definir e para ser honesta não ando procurando os meus 'por quês'. Quero me embriagar de poemas nostálgicos e sofrer pelo simples prazer de sentir dor. Sinto-me bem ao deslocar-me dessa civilização hipócrita e sinto-me ainda melhor por ver deslocar-se comigo. Chega de mesquinharias... Os seres humanos teoricamente são racionais. E onde quero chegar com isso? Não, também não sei.
Preciso saborear essa vida infectada de falsos moralismos e para isso meu coração se estabiliza. Parei no tempo ou nasci cedo demais. Cedo pros meus conceitos mirabolantes ou tarde pra minha indignação por inversão de valores? A verdade é que eu não posso falar do que jamais provei e então me perco na ignorância... ops... Deixa disso. Talvez esteja indo fundo demais.
É incrível como a sensibilidade é um mundo paralelo ao nosso. E meus delírios fazem todos esses questionamentos. Meu coração paralisado é um enigma. E esse sangue que pinga no papel é mais sangue do que corre em minhas veias. Faço de minhas palavras estes líquido vermelho coagulante. E do entendimento delas a possível chance do coração voltar a bater. Decifre...

(Onde eu estava com a cabeça quando escrevi isso???)